Participação da escritora, que foi a autora de ficção nacional mais lida no Brasil em 2021, marca retorno do projeto “Conversa entre Amigos”, que reúne grandes nomes da literatura nacional para diálogos com os leitores.
Curitiba, 23 de junho de 2022 | A escritora mineira Carla Madeira, autora do romance “Tudo é Rio”, participa, na próxima quinta-feira (30/6), do encontro que marca a volta do “Conversa entre Amigos”. O bate-papo entre autora e leitores, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), está marcado para as 19h e será conduzido pelo idealizador do projeto de incentivo à leitura, Marcelo Almeida.
Carla Madeira foi a mulher que mais vendeu livros na ficção nacional em 2021. O sucesso valeu a indicação ao prêmio “Faz a Diferença”, do jornal O Globo, na categoria literatura. Depois de vender em dois meses de 2022 o equivalente a 50% do total vendido no ano passado, ‘Tudo é Rio’ alcançou a marca de 100 mil exemplares comercializados. A escritora tem ainda outros dois livros: “Véspera”, lançado pela Record em 2021, e “A Natureza da Mordida”, que será relançado até o fim do ano.
Promovido pelo MAC | Marcelo Almeida Cultura, com o apoio da Prestinaria, o evento é gratuito e aberto ao público, que precisa apenas fazer a reserva antecipada do lugar para assistir ao bate-papo no auditório Poty Lazzarotto e participar também da sessão de autógrafos depois da apresentação. Através de parceria com a livraria Arte & Letra, exemplares de “Tudo é Rio” estarão disponíveis para venda no MON.
Criado em 2004, o projeto “Conversa entre Amigos” tem o objetivo de estimular o hábito da leitura e formar uma rede de discussão literária. Já passaram pelo programa convidados internacionais como o prêmio Nobel J.M. Coetzee e o autor moçambicano Mia Couto, além de grandes nomes da literatura brasileira, como Milton Hatoum, Carola Saavedra, Cristóvão Tezza e Miguel Sanches Neto.
A programação de encontros literários, que foi interrompida durante a pandemia, será retomada com a presença de Carla Madeira. “A autora foi escolhida porque a obra é brilhante. Ganhei o livro de presente da amiga e jornalista Marleth Silva e decidi fazer o convite à autora assim que terminei de ler. Li inteiro de uma só vez, porque não conseguia parar. Está entre os melhores livros que já li. Por isso, senti a necessidade de compartilhar. Vários convidados do encontro já receberam o livro de presente e estão lendo para participar do bate-papo. Mas quem não leu também tem lugar na plateia. Tenho certeza de que vão sair de lá encantados como eu”, afirma Marcelo Almeida.
Sobre Tudo é Rio
Em “Tudo é Rio”, Carla Madeira entrelaçou as histórias do casal Dalva e Venâncio - arruinado por uma tragédia - e da prostituta “por vocação” Lucy. Com narrativa impactante e hipnotizante, o romance foi reeditado em 2021 a convite da vice-presidente da editora Record, Roberta Machado, que ficou apaixonada e identificou na obra um “livro-viral”.
A história do livro não é recente e já tem mais de duas décadas, segundo a autora. “Eu comecei a escrever Tudo é Rio em 98. Mas a cena brutal e central do romance me deixou paralisada por 14 anos. O assombro inicial me fez perceber que não tinha maturidade para lidar com a história ainda. Foi uma pausa formal apenas, porque a obra continuou sendo produzida na minha cabeça. Quando voltei para o livro, depois de ser mãe e com toda a correria da agência, escrevi tudo em oito meses. Coloquei a história no papel como o fluir de um rio”, lembra.
O primeiro lançamento de “Tudo é Rio”, em 2014, teve uma tiragem inicial de 700 exemplares. Sócia e diretora de criação da agência de comunicação Lápis Raro, a autora cuidou da edição e a Editora Quixote fez a distribuição. “Foi uma parceria quase de uma produção independente. Só que a demanda foi alta. As pessoas liam e voltavam às livrarias para agradecer pela indicação e para comprar mais um exemplar para dar de presente. Ali senti que havia um impacto no leitor, que foi crescendo, na medida em que o livro também foi ficando mais acessível, com distribuição mais robusta”, conta. Pela Quixote, foram seis impressões de “Tudo é Rio”, com a venda de mais de 10 mil exemplares.
Com originalidade textual e uma abordagem extremamente humanizada dos personagens, “Tudo é Rio” já encantou leitores famosos, como o escritor Mia Couto e o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, e despertou interesse de públicos distintos, incluindo psicanalistas e presos que participam de programas de remissão de pena através da leitura. Para a autora, o sucesso editorial entre leitores com diferentes perfis pode ser explicado pela forma como o romance passa por questões como a violência doméstica, tabus sexuais como o incesto e a rejeição da maternidade. “Sem reducionismo, mas com um texto fluido e de fácil compreensão, o livro mexe com aquilo que já ocupa um território dentro da gente e remexe com os nossos sentimentos. Estão ali questões complexas sobre sexualidade, violência, religiosidade, impunidade, perdão. Mas a obra, apesar de lidar com questões muito pesadas, tem uma abordagem poética. Isso faz com que as pessoas consigam olhar para essas questões de uma maneira diferente”, avalia a autora.
Sobre a autora
Nascida em Belo Horizonte, Carla Madeira é formada em jornalismo e publicidade. Foi professora de redação publicitária na UFMG e é sócia e diretora de criação da agência Lápis Raro, que já tem 35 anos e cerca de 90 colaboradores.
Apaixonada pela linguagem artística desde a infância, a autora conta que sempre gostou de trabalhar com as palavras, antes através de seus hobbies com a música e a pintura, e, mais tarde, na literatura. “Eu venho de uma família de seis filhos. O meu pai era matemático. Todos os meus irmãos e eu fomos para a área de exatas. Fui para a universidade estudar matemática. Mas o curso foi me deixando muito triste. Troquei pela comunicação e achei meu lugar no mundo trabalhando com a linguagem criativa da publicidade. Quando comecei Tudo É Rio, a ideia era curtir o exercício de brincar com a linguagem. Mas, de repente, fui capturada pelo processo da feitura do livro e isso foi arrebatador. Foi uma experiência parecida com estar em um palco. Algo incrível”, revela.
A carreira de publicitária continuou e a escrita ocupa um lugar específico na rotina da autora. “Eu vou pra agência, atendo a família e, depois disso, vou para o computador ser feliz com a escrita. Consigo conciliar tudo porque não escrevo no meu horário de trabalho. Na pandemia, perdi meu ritual e saí do processo exausta. Hoje, mesmo com as mudanças que ficaram, com o modelo híbrido de trabalho, a regra é que só escrevo à noite, quando tudo já está calmo”, conclui.
Serviço
Conversa entre Amigos: Carla Madeira
Quinta-feira, dia 30/6, às 19h
Auditório Poty Lazzarotto | Museu Oscar Niemeyer | Rua Mal. Hermes, 999 - Centro Cívico. Curitiba (PR)
Reservas pelo WhatsApp (41) 99934-3811
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